HQ´s sobre a Segunda Guerra Mundial

Aqui vão 3 dicas de leitura, isso não é uma análise critica ou ensaio sobre o tema e blá blá blá, só dica mesmo de 3 ótimas Graphic Novels com o tema Segunda Guerra mundial.

Sorge o espião

A primeira é Sorge o Espião de Isabel Kreitz, publicado aqui no Brasil pela editora Veneta que possui um baita catalogo de HQs e livros, dá uma olhada vale a pena! Em Sorge Isabel conta a história do espião Russo que impediu a vitória dos Nazistas na Segunda Guerra Mundial. Apesar desse heroísmo, Sorge se comportava como um beberrão, mulherengo mas que quando se tratava de sua missão, jamais mediu esforços para cumpri-la, tão pouco temeu a pior das consequências por seus atos e escolhas.

Na história que Isabel nos conta, a guerra fica em segundo plano, mas sentimos a todo instante sua presença e peso. A história se passa em maior parte no Japão, de onde Sorge teria conseguido maiores informações sobre a movimentação e planos de Hitler. Pouco se mostra do espião, esqueça aquele glamour de James Bond, entre militares alemães, alta sociedade japonesa e porres, casos amorosos e batidas de carro vemos a trajetória de Sorge, talvez corroído por dentro por ter de conviver tão de perto não apenas com mas como se fosse um nazista, mas isso é apenas minha opinião.

São 272 páginas, ao final textos explicativos sobre os principais personagens, ao longo da história alguns depoimentos de pessoas que conviveram com Sorge.

Os traços de Isabel são fortes, a presença da sombra o claro e escuro dão o peso das situações vividas pelos personagens. Cada “quadrinho” parece independente como na imagem acima, poderiam ser quadros isolados carregando um mundo de possibilidades de interpretação e diferentes histórias. Mas no conjunto de Sorge apesar da importância que cada quadro tem na página, a leitura flui entre sequências com mais ou menos texto.

Sorge o espião – Isabel Kreitz / tradução de Fabiane Briere / 272 páginas / Editora Veneta


Berlin

Berlim de Jason Lutes é um tijolão de quase 600 páginas, mas apesar disso tudo você lê rápido num misto de pressa pra conhecer tudo e freadas bruscas parando em cada quadro e diálogos. A história se passa em Berlim dos anos 30, ainda sofrendo pelos resultados da Primeira Guerra Mundial e às vésperas do que seria a Segunda Guerra Mundial.

Também publicado pela editora Veneta, Berlim é um exemplo bem claro quando se fala ou tenta explicar o que é uma novela gráfica. Jason trabalhou no material por mais de 20 anos, no fim do volume temos diversos textos sobre os personagens além de desenhos do autor mostrando o progresso de Berlim. Nas quase 600 páginas conhecemos a história de diversos personagens, desde uma banda de jazz fazendo uma turnê pela cidade, uma família separada por conta dos ideais de cada um, e os personagens principais; Marthe Müller uma jovem que busca em Berlin a plenitude de seus sonhos e aspirações artísticas e Kurt Severing, um jornalista que assiste a polarização politica tomar conta das pessoas, fazendo com que Berlim ferva não apenas na cultura mas também nos conflitos políticos e ideológicos.

Os traços de Jason são bem menos carregados em comparação aos de Isabel Kreitz em Sorge, a grande qualidade de Jason está no controle da história, na narrativa que não se perde e nem enfraquece ao longo de tantas páginas. Como nas imagens acima o autor faz uso de recursos que aproximam o quadrinho ao cinema, e dão nesses momentos um respiro ao leitor, sem no entanto “encher linguiça”, são páginas as vezes sem texto mas que possuem grande importância para a narrativa.

Se uma boa história não basta para ser motivo de conhecer a HQ, o fato de ser algo tremendamente atual, faz com que Berlim de Jason Lutes seja muito bem vinda nesses dias que vivemos. São 90 anos depois desses acontecimentos e como um loop do mal parece que voltamos, regredimos àquelas mesmas questões.

Berlim – Jason Lutes / tradução de Alexandre Boide / 592 páginas / editora Veneta

Maus

Sabem aquela pergunta que nunca conseguimos responder; qual seu filme favorito, livro ou música… Difícil decretar um ou repetir uma mesma lista ao longo de nossa vida, mas quando se fala em quadrinhos Maus de Art Spiegelman certamente estará na lista dos 10 mais de melhores novelas gráficas.

Publicado aqui no Brasil pela Cia das Letras, Maus é um relato incrível sobre Auschwitz, esse incrível se aplica a várias características da obra, incrivelmente alegórico, cruel, bem executado, importante e provocador.

Art faz largo uso da metalinguagem, nos mostra o processo de criação, as dificuldades, os brancos, as decisões e rumos da história. E sendo uma história de sobreviventes de Auschwitz, essa complexidade chega a níveis máximos de instabilidade, sensibilidade e dificuldade, já que Vladek, pai de Art, um sobrevivente da Guerra é que servira de fonte para a história. Vale dizer que o relacionamento de pai e filho não é lá essas coisas e em partes pode-se dizer que se não é o motivo de todo o projeto, serve para que Art tente se aproximar do pai, ou ao menos entende-lo um pouco mais.

Maus tem essas diversas camadas, tem o macro e o panorâmico de uma mesma história, e quando aproxima o “zoom” é forte, não se deixe enganar pelo traço delicado quase infantil ao vermos ratinhos, gatos, cães, porcos e outros tantos animais que representam os povos, como não podia deixar de ser (do ponto de vista dos nazistas é claro) os judeus são ratos e os alemães gatos.

Maus – Art Spiegelman / tradução de Antonio de Macedo Soares / 296 páginas / Cia das Letras

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