
Continua aqui a luta do poeta Victor Camundongo de escrever aquele poema, aquele poema necessário, aquele poema perfeito, aquele poema imperfeito mas necessário, aquele poema que grita que aparece, que corre a nossa frente sem chance de ser alcançado… Mas ele Victor está tentando…
Nesse post em especial os motivos que o impediram de escrever Aquele Poema foram outros muitos mais urgentes, duros e dificeis, em dias de 4000 mil motivos para a tristeza, e o silêncio.
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Porque a máscara embaça os óculos... e dificulta qualquer outra leitura. a palavra amor tem o significado e forma de MORTE, poesia, alegria ou respirar parecem agora ter o mesmo sentido; impossiveis... Porque nesse momento o tubo arranca do peito tudo o que antes era vida, a urgência agora é respirar, sobreviver, talvez depois e havendo esse depois, a música a literatura e aquele poema voltarão a ser vitais. Porque as câimbras que subjugam as mão prometem que elas jamais servirão para outra coisa senão cavar, cavar e cavar, morrer e cuidar de mortos. As costas dominadas por esse único ofício de doer, não contemplam mais a postura erguida que levariam os olhos a outros horizontes. Porque eu só vejo terra em minha frente e não paro de cavar, é a mesma terra que volta acima de mim e conduz para o mesmo buraco que construo. Porque planto flores que jamais germinarão e vão se enraizando noutra terra de vazio e esquecimento. Antes já tivesse escrito aquele poema, que agora se torna ainda mais intrafegável, não só por questões de mero capricho literário ou um cínico espaçamento dos projetos. É menos provável que consiga ou mesmo tente escrever aquele poema. Não agora, não hoje, ainda que nesse momento ele se faça mais necessário e urgente. A ordem agora é respirar, cavar e cobrir. O máximo que faço diante dos acontecimentos é esconder entre as unhas num grão dessa terra uma mísera partícula de esperança. Guardemos com cautela essa semente. Victor Camundongo
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